O governo Lula e o mercado financeiro enfrentam uma relação de desentendimentos que podem ser caracterizados como dissonâncias cognitivas. Apesar de o Partido dos Trabalhadores (PT) ter vencido as eleições de forma clara, muitos agentes do mercado parecem ter dificuldades em aceitar as políticas econômicas do novo governo, mesmo que essas tenham sido amplamente antecipadas.

Lula nunca escondeu sua intenção de expandir os gastos públicos e dar menos ênfase à agenda liberal defendida pelo mercado. A escolha de Fernando Haddad como Ministro da Fazenda reforça essa linha, uma vez que ele tem um foco claro em justiça social e uma política econômica mais voltada para o aumento da arrecadação e menos para cortes drásticos nos gastos.

O PT também tem uma abordagem diferente sobre o papel das empresas estatais e o controle estatal sobre grandes empresas como Petrobras, Vale e Eletrobras, que considera importantes para a capacidade de investimento do país. O mercado, por outro lado, responde a essas medidas com desconfiança, o que se reflete na alta do dólar, nos juros longos elevados e na inflação implícita acima de 5%.

Além disso, o governo está preocupado com a inflação, mas não vê necessidade de manter a meta de 3%, acreditando que uma meta mais elevada permitiria juros menores, o que aliviaria o crescimento econômico. No entanto, a relação entre o governo e o Banco Central (BC) permanece tensa, com o governo criticando a independência da instituição e o mercado insistindo na necessidade de controle fiscal rigoroso.

A relação entre o governo e o mercado reflete visões divergentes sobre o papel do Estado na economia e sobre como alcançar crescimento econômico sustentável. Essas diferenças geram incertezas e tensões, mas ambos os lados começam a reconhecer os limites de suas políticas e a necessidade de encontrar um equilíbrio.

Fonte:

O Governo Lula e o mercado: dissonâncias cognitivas www.braziljournal.com @2024. Disponível em: https://braziljournal.com/o-governo-lula-e-o-mercado-dissonancias-cognitivas/?utm_source=Brazil+Journal&utm_campaign=f61a44035d-news09082024-1-_COPY_03&utm_medium=email&utm_term=0_850f0f7afd-f61a44035d-428017390 Acesso em: 21 jul 2024.