No BC, Galípolo terá que transformar confiança de Lula em boa política monetária

A indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central do Brasil traz uma nova fase para a economia, consolidando a confiança do Presidente Lula em seu nome e marcando o início de um período de teste para sua autonomia e habilidade de implementar uma política monetária eficiente. Galípolo, atual diretor de política monetária do BC, tem adotado um discurso alinhado com o presidente atual, Roberto Campos Neto (RCN), e tem procurado tranquilizar o mercado em tempos de volatilidade crescente.

Recentemente, Galípolo surpreendeu ao assumir uma postura mais rígida em relação à política monetária, comprometendo-se a fazer “o necessário” para atingir a meta de inflação de 3%, o que demonstrou seu compromisso com a estabilidade econômica. Esse discurso tem sido bem recebido pelo mercado, que vê Galípolo como um aliado capaz de promover uma política monetária mais firme, apesar de sua proximidade com Lula e Fernando Haddad, Ministro da Fazenda.

O grande desafio de Galípolo será provar que pode atuar com a mesma independência de nomes como Henrique Meirelles, que comandou o BC durante o primeiro mandato de Lula. Galípolo não é um petista tradicional, mas sua proximidade com o círculo político de Lula levanta dúvidas no mercado sobre sua capacidade de implementar medidas necessárias, mesmo que impopulares.

O cenário econômico atual apresenta desafios significativos, com uma expansão fiscal robusta, aumento nos gastos públicos e um mercado de trabalho aquecido. A combinação desses fatores com expectativas de inflação distantes da meta de 3% preocupa investidores, que temem que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa acomodar os efeitos inflacionários dessa expansão. A meta de inflação para 2024, por exemplo, já subiu para 4,25% no Boletim Focus, e as expectativas futuras continuam distantes da meta.

A credibilidade do Banco Central está em jogo, e o novo presidente precisará enfrentar um mercado que aposta em uma inflação futura ao redor de 5%, bem acima da meta oficial. Galípolo terá que usar sua influência com Lula para manter a independência do BC e implementar políticas que ancorem as expectativas inflacionárias e estabilizem a economia, mesmo que isso signifique adotar medidas monetárias mais rigorosas.

Além de sua atuação no BC, Galípolo tem uma trajetória profissional associada a economistas desenvolvimentistas e críticos da ortodoxia fiscal e monetária, o que gera um certo desconforto no mercado. Ele publicou livros e artigos em parceria com Luiz Gonzaga Belluzzo e formou-se pela PUC-SP, uma instituição conhecida por sua abertura a ideias heterodoxas.

Agora, à frente do BC, Galípolo terá que equilibrar as expectativas de Lula, que espera crescimento econômico, com a necessidade de entregar uma política monetária que controle a inflação e mantenha a confiança do mercado.

Fonte:

No BC, Galípolo terá que transformar confiança de Lula em boa política monetária www.braziljournal.com @2024. Disponível em: https://braziljournal.com/no-bc-galipolo-tera-que-transformar-confianca-de-lula-em-boa-politica-monetaria/ # Acesso em: 26 set 2024.

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